Resiliência e
Capacitação
da Comunidade

Os Objetivos Laudato Si’ guiam as nossas ações. Eles redefinem e reconstroem a nossa relação uns com os outros e com a nossa casa comum. A abordagem holística proposta tem em consideração os limites dos sistemas socioeconómicos e as raízes humanas da crise ecológica. Estes objetivos apelam a uma revolução espiritual e cultural para alcançar a ecologia integral.

A Resiliência e a Capacitação da Comunidade prevêem uma jornada sinodal de envolvimento da comunidade e ação participativa em vários níveis. As ações podem incluir a promoção da defesa de direitos e o desenvolvimento de campanhas populares, incentivando à criação de raízes e de um sentimento de pertença nas comunidades locais e nos ecossistemas da vizinhança.

Nota: os excertos e citações partilhados assinalados com LS referem-se à Carta Encíclica Laudato Si' do Papa Francisco, LD refere-se à Exortação Apostólica Laudate Deum do Papa Francisco, CV refere-se à Carta Encíclica Caritas in Veritate do Papa Bento XVI.

«Cada comunidade pode tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras. Em última análise, "ao Senhor pertence a terra" (Sl 24/23, 1), a Ele pertence «a terra e tudo o que nela existe» (Dt 10, 14). Por isso, Deus proíbe-nos toda a pretensão de posse absoluta: "Nenhuma terra será vendida definitivamente, porque a terra pertence-Me, e vós sois apenas estrangeiros e meus hóspedes" (Lv 25, 23).» LS 67

«É preciso cuidar dos espaços comuns, dos marcos visuais e das estruturas urbanas que melhoram o nosso sentido de pertença, a nossa sensação de enraizamento, o nosso sentimento de "estar em casa" dentro da cidade que nos envolve e une. É importante que as diferentes partes duma cidade estejam bem integradas e que os habitantes possam ter uma visão de conjunto em vez de se encerrarem num bairro, renunciando a viver a cidade inteira como um espaço próprio partilhado com os outros. Assim, os outros deixam de ser estranhos e podemos senti-los como parte de um "nós" que construímos juntos.» LS 151

«No seio da sociedade floresce uma variedade inumerável de associações que intervêm em prol do bem comum. Por exemplo, preocupam-se com um lugar público (um edifício, uma fonte, um monumento abandonado, uma paisagem, uma praça) para proteger, recuperar, melhorar ou embelezar algo que é de todos. Ao seu redor, desenvolvem-se ou recuperam-se vínculos, fazendo surgir um novo tecido social local. Assim, uma comunidade liberta-se da indiferença consumista. Isto significa também cultivar uma identidade comum, uma história que se conserva e transmite. Desta forma cuida-se do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, com um sentido de solidariedade que é, ao mesmo tempo, consciência de habitar numa casa comum que Deus nos confiou. Estas ações comunitárias, quando exprimem um amor que se doa, podem transformar-se em experiências espirituais intensas.» LS 232

«Tudo isto pressupõe que se adote um novo procedimento para a tomada de decisões e a legitimação das mesmas, porque o procedimento estabelecido há vários decénios não é suficiente nem parece ser eficaz. São necessários espaços de diálogo, consulta, arbitragem, resolução dos conflitos, supervisão e, em resumo, uma espécie de maior "democratização" na esfera global, para dar expressação e realçar as diversas situações. Deixará de ser útil apoiar instituições que preservem os direitos dos mais fortes, sem cuidar dos direitos de todos.» LS 43

«Deus, que nos chama a uma entrega generosa e a oferecer-Lhe tudo, também nos dá as forças e a luz de que necessitamos para prosseguir. No coração deste mundo, permanece presente o Senhor da vida que tanto nos ama. Não nos abandona, não nos deixa sozinhos, porque Se uniu definitivamente à nossa terra e o seu amor leva-nos sempre a encontrar novos caminhos. Que Ele seja louvado!» LS 245

Para refletir...

Para fotografar...

Do documento "A Sinodalidade na Vida e na Missão da Igreja", Comissão Teológica Internacional 

6. Ainda que o termo e o conceito de sinodalidade não se encontrem, explicitamente, no ensinamento do Concílio Vaticano II, pode-se afirmar que a instância da sinodalidade está no coração da obra de renovação por ele promovida. A sinodalidade, nesse contexto eclesiológico, indica o específico modus vivendi et operandi da Igreja povo de Deus que manifesta e realiza concretamente o ser comunhão no caminhar juntos, no reunir-se em assembleia e na participação ativa de todos os seus membros na sua missão evangelizadora.

42. A sinodalidade não descreve um simples procedimento operativo, mas sim a forma peculiar na qual a Igreja vive e opera

76. A dimensão sinodal da Igreja deve expressar-se por meio da aplicação e da gestão de processos de participação e de discernimento capazes de manifestar o dinamismo de comunhão que inspira todas as decisões eclesiais. A vida sinodal exprime-se em estruturas institucionais e em processos que conduzem a eventos sinodais nos quais a Igreja é convocada. Este empenho necessita de atenta escuta do Espírito Santo, de fidelidade à doutrina da Igreja e de criatividade para identificar e operacionalizar os instrumentos mais adequados à participação ordenada de todos, ao intercâmbio dos respectivos dons, à leitura incisiva dos sinais dos tempos, ao eficaz planejamento na missão. Para isso, a aplicação da dimensão sinodal da Igreja deve integrar e atualizar o património do antigo ordenamento eclesiástico com as estruturas sinodais surgidas por impulso do Vaticano II e deve estar aberta à criação de novas estruturas.

118. As iniciativas de encontro, diálogo e colaboração são consideradas como etapas preciosas nessa peregrinação comum e o caminho sinodal do povo de Deus revela-se uma escola de vida para adquirir o éthos necessário para praticar o diálogo com todos. Hoje, pois, quando a tomada de consciência da interdependência entre os povos obriga a pensar no mundo como a casa comum, a Igreja é chamada a manifestar que a catolicidade que a qualifica e a sinodalidade em que ela se exprime são fermento de unidade na diversidade e de comunhão na liberdade. É esta a contribuição de fundamental relevância que a vida e a conversão sinodal do povo de Deus pode oferecer para a promoção de uma cultura do encontro e da solidariedade, do respeito e do diálogo, da inclusão e da integração, da gratidão e da gratuidade.

sinodalidade

(si·no·da·li·da·de)

nome feminino

1. [Religião] Qualidade do que é sinodal.

2. [Religião] Funcionamento ou organização que se baseia na realização de sínodos.

Origem etimológica:sinodal + -idade.

"sinodalidade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/sinodalidade.